Olho para o chevrolet
lustroso e preto
sem data na chapa
de matrícula
Os dois faróis
quase humanos
que me fixam
da cabeça aos pés
Os cromados sem poeira
ou poros corrosivos
que brilham quais
puros cristais
E rodo à sua volta
como quem ensaia
uns passos de valsa
colado a uma mulher
Até que estaco diante
do meu retrato
emoldurado no retrovisor
sem sais de prata
a rir, por me ver apeado,
sem parecença alguma
com o Álvaro ao volante
do chevrolet emprestado
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