O amor despede-se à janela com um beijo soprado a partir da palma da mão! Porém, o destinatário não consegue segurá-lo, nem evitar que se desfaça no piso da rua como uma grossa gota de água.
Então, pensa para si: “ Com esta falta de reflexos,
acabo por deitar tudo a perder!”. Porém, uns passos adiante, crê ter encontrado
a chave para a saída airosa:
“ Só uma boneca pode salvar a situação!”
Ora, em acabando o dia de trabalho, logo se pôs a
correr até à loja especializada em bonecas de pano, louça e plástico para
todos os gostos…
Mas ao cabo de uma hora, para além de se mostrar ainda
vacilante quanto à escolha certa da boneca, escorria suor em bica, o coração
parecia saltar-lhe do peito e aquelas tonturas só podiam ser da tensão
arterial….
Face a estes sintomas, o recomendável - ponderou - seria abandonar em
definitivo a ideia de prendar o seu amor com uma doll.
E assim fez. Recuando até à porta da loja, com
sucessivas vénias e um sorriso à mordomo para a rapariga que pacientemente o
atendera, lá se esgueirou, de mãos vazias,
pelo passeio fora…
Depois, em chegando ao prédio que habitava, trepou
pelas escadas até ao terceiro andar, onde procurou abrir a porta do apartamento
o mais silenciosamente possível.
E foi então que,
atónito, deu com o interior sem nada, salvo o quarto de dormir onde se
atulhavam dunas de bonecas, que havia ofertado ao amor desde há
duas décadas atrás.
Pouco mais ou menos!
Pouco mais ou menos!
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