Ao amigo António Marrachinho
Dada a
ordem aos caminhantes de estacarem,
ainda presumi que tal se devesse à súbita aparição de
um arguto felino de médio porte, de um réptil a digerir um
incauto roedor ou à ameaça de uma ave de rapina a picar sobre as
nossas inocentes cabeças; mas
sequer de uma ibis,
garça real, pernilongo ou esquadrão de esbeltos e rosáceos
flamingos se tratava.
O
objecto causador daquele stop instantâneo, não passava afinal de
uma ave minúscula a que o guia deu nome, sacudindo-se no topo de
um caniço e que o contraluz tornava impossível de vislumbrar a cor
da sua plumagem.
Mas fosse
qual fosse a espécie, a sua estatura era tão minorca
como o mais comum dos pardais que, a par das flosas,
pintassilgos, piscos e toutinegras, foram alvo da minha mira
certeira juvenil: tanto à fisga como à pressão de ar, que o uso
de armadilhas, com a formiga de asa como isco, não dava comigo.
Tão
amante fervoroso de imaginários safaris, quanto vil opositor de
subtis dietas vegetarianas, como poderia hoje ceder ao exercício
ascético e contemplativo das avezinhas, em detrimento de uns
passarinhos na frigideira, temperados com azeite, sal, alhinho e
louro?
Mesmo que
tenham feito “os ninhos com mil cuidados”, para o odioso selvagem
que fui, tarde demais!
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