quinta-feira, 13 de novembro de 2014

E de novo o revejo a pedalar




E de novo o revejo a pedalar na velha bicicleta com o fito de chegar à embarcação, desatá-la de um tronco e meter-se nela, pelo gelo do rio acima, mesmo antes  do nevoeiro ter-se dissipado de todo.

Depois, seguem-se os gestos repetidos desde há muito: o empunhar da vara como uma lança para a cravar no fundo; o vai e vem fatigado dos remos; o levantar de uma e outra nassa de salgueiro, que pouco mais dá que meia dúzia de pequenas bogas e fataças...

Finalmente, a ida à praça com a tão fraca pescaria, que rara ou nenhuma procura tem  por não ser enguia, sável ou lampreia; sequer  peixe do mar,  mais apreciado  que qualquer outro de água doce. 

E menos  cotado ainda  que o imprevisto achado daquela  boneca, depositada  pelas últimas cheias  num banco de areia,  que o velho pescador por breves instantes  aconchega no peito.

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