sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Vela


Num ápice, o relâmpago de um flasche ilumina a escuridão. Eos, a divindade diurna, vagueando inesperadamente embriagada pelo perfume das estrelas? Ou a bela e leviana Corónis? E por que não as duas?

Clube Naval de Lisboa



quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O desafio de André Gide





















Aceite-se o desafio de André Gide, a propósito da nossa relação visual com o que nos cerca e ao mesmo tempo nos mantém livres: “ Que a importância esteja no teu olhar e não na coisa olhada“


                                                                                                                 1996

De um lado, a margem direita


De um lado, a margem direita da rotina; do outro, a margem esquerda da fotografia.


                                1996


É um detalhe que corrompe o conjunto


    É um detalhe que corrompe o conjunto. Um pé, um pára-choques, uma palavra escrita no muro. Cola-se ao rectângulo como um parasita. Cava um buraco na imagem. A brancura mancha-se com um borrão. Mas noutros casos, o detalhe é o sinal feliz de um ponto luminoso. O golpe e o rigor da pincelada final, podendo igualmente ser um pé, um pára-choques ou uma palavra escrita no muro.
                                                                                            1996

Trata-se de um animal ainda por classificar


    Trata-se de um animal ainda por classificar. Se for agressivo, como reage? Pela mordedura, o cravar das garras? Pela asfixia, a injecção do veneno? Ou tão só pelo olhar ?
                                                                                              1996

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Cais das Colunas


Ter presente os que, desprovidos de mãos, agarram os pincéis com os pés ou com a boca para nos devolverem as estrelas a qualquer hora do dia! 

                                                                                                              1996

Ribeira das Naus


Lewis Carroil, em 1877: “ Fiz uma fotografia de primeira ainda há uma semana, só que o modelo ( uma menina de dez anos) teve que estar sentada durante um minuto e meio porque a luz está agora muito ténue”

Esta observação sobre a menina Agnes, sua correspondente, é elucidativa. Não só para compreender o indispensável apoio de um sofá, cadeira, árvore ou parede mas, sobretudo, para explicar a "insondável  tristeza” das meninas fotografadas por L C.

Já Eugéne Disderi, 15 anos antes escreveria em “ L’ Art de la Photographie", a propósito do retrato:

“ Il semble, au premier abord, que rien ne soit plus facile à faire em photografhie qu’ un portrait, et qu’ il sufise pour cela d’ assurer l’imobilite parfait du modèle...” 

Na verdade, a tão repetida “ tristeza e solidão “ das meninas não passa de uma “ficção psicologista”. Impedidas do mais ligeiro movimento de pálpebras, o que as meninas realmente sentem e exprimem é o grande desconforto pela entrega a uma longa pose que lhes é imposta.  E não mais do que isso.

Lumiar, 1995


Entardecer












Georges Dussaud? Talvez um certo Raúl Brandão ou a memória de alguns cenários da minha infância: mar, dunas, neblina; pescadores, artes e barcos. Ainda o pefume da maresia na humidade salina da pele. Por fim, o sopro frio do vento e a luz que, por mais ténue, me obrigava a semicerrar os olhos.

  1994

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

E não foi preciso esperar muito


                                             DEDICADO AO CARLOS RIBEIRO

E não foi preciso esperar muito para que a noiva recebesse das mãos do fotógrafo um CD recheado de imagens do seu casamento.

Pago o trabalho, e com o fim  de perpetuar os instantes nupciais, logo a recém casada tratou de despejar não sei quantos baldes de fotos no PC que  acabaria por dar o berro mesmo durante a transfusão das imagens!

Não lhe restava outra solução do que adquirir  um novo PC, na loja mais à mão, para evitar perder tempo. E assim foi.

Só que ao abrir o CD para ver as imagens, ó céus, este não funcionou.

E diz-me agora o que posso fazer?

Casa outra vez e faz selfies!


Alcochete


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Velas do Tejo


Rampa do Tejo


Cais de Embarque


E a cada manhã que me levanto



E a cada manhã que me levanto saúdo o cato
verde a três dimensões carnudo com espinhos
pousado no peitoril da janela do meu quarto
e das minhas insónias. o que floresce uma vez por ano

e cresce como a unha de rui belo sem que deus dê por isso
- pudera digo eu que não sou crente nem homem de fé -
o meu cato a que nunca dou de beber sequer uma gota de água
mas que jamais tem sede e sobrevive só de ver

quem passa na rua e o que há dentro do aposento
como o dom quixote de la mancha a beligerar o teto
o elefante sobre a cómoda estático mas inteligente
ou o relógio de corda como o foram os velhos brinquedos

o meu cato a fixar o teu olhar emoldurado com uma flor
de chita na cabeça ainda mais atentamente do que a mim
mesmo quando ensurdeço com os meus berros
arranho os móveis e saltando da cela do quarto

para a paisagem a óleo espalmada na parede
me deixo emaranhar por entre os agrestes pinhos
de uma lúgubre floresta, sem clareiras abertas ao céu
nem vestígio algum onde se decifre um caminho de regresso.





Janeiro, 2015




















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