domingo, 12 de outubro de 2014

Quando o poeta, ao espelho



Quando o poeta, ao espelho, deparou com a avançada idade a que chegara, percebeu porque desde há muito deixara de festejar as primeiras chuvas como a exótica caturra o faz, ao espanejar-se no poleiro implantado na varanda. 

E tão entristecido ficou com a visão de si mesmo, que logo decidiu nunca mais receber os amigos em casa, de corpo inteiro, mas apenas de pantufas:

as de lã, acolchoadas, próprias para o inverno, que a mãe lhe oferecera num aniversário, já bem distante.














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