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quarta-feira, 31 de outubro de 2012
sábado, 27 de outubro de 2012
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Cais de desmantelamento de Alhos Vedros
Reserva Natural do Tejo
Mas o que ocultaria a cave para o pai a proibir de levar
lá fosse quem fosse? Para mim, que chegava a dar crédito às minhas próprias fantasias,
teias peçonhentas de aranhas, infestados roedores, lagartos e rãs embalsamados e
talvez mesmo uma porção de esqueletos pendurados nas paredes, escarnecendo da
imortalidade.
O mistério haveria, porém, por ser desvendado quando
a amiga, não resistindo à tentação da proibida dentada na maçã, à luz de poucas velas, acabou por abrir a porta da cave:
Afinal, um pequeno cubículo onde se apinhavam caixas e caixas
de cartão, réguas, uma guilhotina, frascos, tinas, pastas de arquivos e, em
cima de uma bancada, um estranho aparelho cuja serventia ignorava.
O que mais relembro, porém, foi aquele momento mágico do finíssimo
pincel manejado pela amiga sob uma lupa, avermelhando as flores e o telhado de
um casebre; azulando o céu e branquejando as acinzentadas nuvens; colorindo esplendorosamente
de verde os campos de uma foto, a preto e branco, tirada pelo pai.
Arrialva
Por entre o intervalo das persianas quase corridas, os
feixes de luz projectando-se numa das paredes nuas do quarto de um segundo
andar.
Fotografia ou, mercê do movimento, cinema, com as
viaturas ligeiras e autocarros trepando e descendo pela calçada de Carriche, sem
faltarem os apitos das buzinas e as
estridentes sirenes das ambulâncias.
De qualquer modo, objectos tão reais como a realidade
exterior, embora sem cor, e com o trânsito virado do avesso.
Como se a minha rua, ao deslizar pela parede do meu
quarto, não passasse de uma série de metafóricas imagens do mundo que me cerca.
domingo, 21 de outubro de 2012
sábado, 20 de outubro de 2012
Trafaria
Bateu-me à porta para se queixar do cartão de memória
danificado, e da perda irremediável das fotos, as melhores que tirara em toda a
vida.
Conhecendo a pessoa que, por norma, dispensa ouvir o outro, limitei-me a esboçar uma breve careta adequada à situação prevendo que,
deste modo, pouparia tempo aos dois…
Ao despedimo-nos, porém, fui sacudido pela lembrança
de uma fatalidade que nunca hei de relatar a ninguém:
a convicção de ter feito, em tempos, um conjunto excepcional
de imagens, dando conta da falta de rolo na câmara um dia depois!
E o que eu carpi, inconsolado, sobretudo em relação à foto verdadeiramente digna de figurar na mais
prestigiada antologia: a do cavalo!
Sim, a de um lusitano que, por súbito capricho da bela
amazona que o montava, se viu obrigado a estacar num charco de água, salpicando
tudo em volta, incluindo a objectiva da câmara, certificando, assim, o instante da acção do fotógrafo na captação da cena.
Desde então, deixei de alimentar quaisquer
expectativas de repetir tal proeza, contentando-me com uma ou outra foto ligeiramente acima da mediania.
Entretanto, fica por explicar por que as imagens perdidas são sempre as melhores.
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