Como não se esperava que a senhora fosse capaz de
embarcar pelo seu pé, uma ambulância transportou-a até à embarcação com tantos
ou mais cuidados que os prestados aos bebés ou às namoradas.
E assim, com a senhora tão entrapada como uma múmia, o
mestre, depois de zarpar, logo umas poucas milhas adiante, ordenou que se lançasse
ferro e cuidássemos de esperar pacientemente pela hora de jantar.
E assim se fez? Não, que nem todos acolheram com agrado
as palavras do mestre, achando algumas mulheres que melhor seria dedilharem o terço rezando meia dúzia de surdas
orações, enquanto os homens acabariam por entreter-se a bebericar umas frescas minis,
retiradas, uma a uma, de uma geleira azul de grande formato.
Só em chegando a hora prevista para o repasto, a
contento de todos, foi levantada a tampa de uma grande panela ocultando um adivinhavel
refogado de carne, com um tempero verdadeiramente celestial, acompanhado por pão
e vinho como só os há no Alentejo.
Acabada a refeição, a noite começou a cair como nos
antepassados tempos, envolvendo suavemente de escuro a senhora coberta pelo
lençol branco, ao mesmo tempo que o céu ia sendo pontilhado por tímidas estrelas luzindo como rubis, ametistas e esmeraldas…
Então, aí, o
mestre disse: “Hora de partir!”e, logo içada a âncora, dali rumamos para o ponto
donde havíamos partido a meio da tarde, cabendo a um tripulante retirar o lençol à senhora e depois rodeá-la com uma
série de festivas lâmpadas elétricas.
Para que o povo
pudesse dar conta da sua real
aparição muito antes da embarcação acostar ao cais!
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