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sexta-feira, 31 de agosto de 2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Desembarque
Quando a duração dos dias ainda não tinha conhecido a
significativa redução horária como actualmente, mal se levantava da cama voava
até à varanda para inspeccionar o céu. Então, era assim:
Acaso se mostrasse povoado de nuvens, sem cuidar de
lavar os dentes, corria logo para a rua, com a câmara ao peito e uma peça de fruta tragada às dentadas.
Se o número de nuvens fosse reduzido e com sinais de
se volatilizarem muito em breve, saía de casa, sim, mas sem pressa,
dedicando largo tempo, quer ao pequeno almoço, quer à higiene pessoal.
À ausência plena de nuvens, prescindia tanto do repasto
matinal, como de puxar o autoclismo, atirando-se prontamente para a cama, esperançado em dar continuidade a certos sonhos abruptamente interrompidos
pelo despertador.
Há quem diga que, pousando a câmara debaixo da cama,
lhe pedia desculpa pelo mau tempo, prometendo-lhe sempre um dia seguinte auspicioso.
A bordo da Bombaça ( 2 )
Não sei qual matéria atrai tão ignóbeis pragas. Serão o sais de prata? A gelatina ou o acetato? Grande dúvida!...
E
também ignoro que bicheza, volátil ou rastejante,
deixou - me duas tiras de negativos com tantas ou mais perfurações que
as alfinetadas produzidas por uma agulha numa renda de bilros!
Seja como for, aqueles fotolitos, ao fazerem parte dos
hábitos alimentares das traças ou coisa que o valha, acabam por conferir algum
sentido às minhas sortidas em demanda de uma imagem de rua.
E era, na verdade, este reconhecimento que me
faltava!
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
terça-feira, 28 de agosto de 2012
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Travessia de S. Marcos ( 2 )
Batelão ( Poço do Bispo )
A areia já começara a pesar-lhe tanto que, durante um certo
pôr de sol, acabou por decidir não levantar mais o fundo chato do lodo, e apenas
dedicar-se a alimentar os numerosos cardumes
que dele se abeiravam.
Com quê? Ora, com o que mantinha até então como intrinsecamente
seu:
cavilhas e pregos enferrujados; pedaços de madeira arrancados
pelas ondas; fibras de cabos, cacos de vidro, plásticos, pneus, crostas de óleo,
tubagens… E tudo isto e o mais com um sabor a sal e algas.
E como a felicidade não se cumpre em lado algum, pode dizer-se que nunca se sentiu
desafortunado, perseguindo-o apenas uma dúvida quando já nada restasse de si:
Para onde é que haveria de encomendar a sua alma?
Para onde é que haveria de encomendar a sua alma?
Às goelas de uma robusta garoupa, como uma grande iguaria, ou deixá-la prosaicamente sepultada na lama?
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