Ficou como um brinquedo, com a sua velha idade bem camuflada
e mostrando-se capaz de rumar, lado a lado, com qualquer embarcação, ao
encontro da Santa.
No momento de saltar para ela, cheguei mesmo a compará-la levianamente comigo, como se eu, homem,
tivesse alguma vez sido gerado num estaleiro, a partir de régua e esquadro;
plaina, maço e serra, dotando-me de quilha, leme, proa e ré …
Aquele ronronar do motor a diluir-se na água e a espraiar-se
no ar, à mistura com a inalação de umas lufadas de gasóleo, acabou por produzir
em mim um efeito sonífero que nem o mais eficaz barbitúrico.
Até um alarmante berro quase me furar os tímpanos. O motor
tinha-se calado, o que nos impossibilitou de perseguir a rota até à Santa.
Se este episódio fosse narrado num romance, previsivelmente a
falha do motor teria ocorrido no alto mar
e não com o Montijo à vista.
Admito - como alguém alvitrou - que o coração da embarcação tenha sido
reanimado pouco tempo depois, por obra e graça da Santa, em parceria com as
experientes mãos do Mestre, - acrescento eu - deixando-me apenas uma perplexidade:
Por que razão a Santa impediu que nos abeirássemos de si?
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