domingo, 16 de setembro de 2012

Cais das Colunas





Certo amigo olhou para o negativo e grunhiu não sei o quê. Depois fez uma série de coisas como: ligar o ampliador, verter os líquidos nas tinas, apagar as luzes,  e fechar todas as portas e janelas da casa, por sinal, integrada num bairro até aí nunca assaltado.

Ao cabo de um tempo sem tempo, a tina situada mais próxima da torneira da casa de banho, ficou repleta de tiras de papel plastificado e brilhante, as chamadas provas de leitura, que serviriam de base á produção de uma cópia fotográfica, finalmente pronta a meio da madrugada.  

Então, com um formato 36X24, logo ocorreu ao amigo expô-la numa das paredes da casa de banho, precisamente a frontal, para quem empurra a porta, ao entrar nela.

Uma foto, quimicamente tratada à unha e às escuras ou tão só debilmente iluminada por uma luz rouje, insinuantemente sexy, mais apropriada a ambientes duvidosos como bares de putas do que a um laboratório caseiro de fotografia, ocupando parcialmente o wall de entrada.

Um último pormenor: nunca percebi por que a dita imagem haveria de permanecer durante cerca de duas semanas naquela parede de azulejos com um padrão floral tão foleiro; e porque haveria ainda de ser regada com o chuveiro, não sei quantas vezes ao dia, que nem uma planta exótica do mais esplendoroso jardim.

Mas também ninguém pode esperar encontrar explicação para tudo….

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