Certo amigo olhou para o negativo e grunhiu não sei o
quê. Depois fez uma série de coisas como: ligar o ampliador, verter os líquidos
nas tinas, apagar as luzes, e fechar
todas as portas e janelas da casa, por sinal, integrada num bairro até aí nunca
assaltado.
Ao cabo de um tempo sem tempo, a tina situada mais
próxima da torneira da casa de banho, ficou repleta de tiras de papel
plastificado e brilhante, as chamadas provas de leitura, que serviriam de base
á produção de uma cópia fotográfica, finalmente pronta a meio da madrugada.
Então, com um formato 36X24, logo ocorreu ao amigo expô-la
numa das paredes da casa de banho, precisamente a frontal, para quem empurra a porta,
ao entrar nela.
Uma foto, quimicamente tratada à unha e às escuras ou
tão só debilmente iluminada por uma luz rouje, insinuantemente sexy, mais
apropriada a ambientes duvidosos como bares de putas do que a um laboratório
caseiro de fotografia, ocupando parcialmente o wall de entrada.
Um último pormenor: nunca percebi por que a dita
imagem haveria de permanecer durante cerca de duas semanas naquela parede de
azulejos com um padrão floral tão foleiro; e porque haveria ainda de ser regada
com o chuveiro, não sei quantas vezes ao dia, que nem uma planta exótica do
mais esplendoroso jardim.
Mas também ninguém pode esperar encontrar explicação
para tudo….
"Amigo"? Nada de exageros!!!
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