Quando ao chegar à estação do metro do Rossio a F 100,
acomodada em cima dos seus joelhos, começou a escaldar-lhe os dedos, nem
queria acreditar.
No início, ainda julgou tratar-se de um problema seu,
de pele ou de cabeça, mas não: as pilhas de volt e meio ardiam como se tivessem
sido mergulhadas em água a ferver, sendo que para retirá-las da câmara, teve que
munir-se de um lenço e aguardar por algum tempo…
O que fez a seguir, foi dirigir-se, de imediato, à
oficina de reparação de um amigo seu, ao qual deixou a F 100 para diagnóstico e
orçamento de arranjo.
Não teve que esperar muito pela notícia. Ainda nesse próprio
dia, o amigo participava-lhe que, apesar da cuidada assistência prestada à F100, a par da ministração de soro e uma transfusão de sangue, já não havia remédio: pifara de vez!
De que mal? Ora, da placa central, irreparável, e sem a
possibilidade de transplante por haver cessado há muito a sua produção fabril.
Como nunca fora dado a grandes manifestações
sentimentais, sequer verteu uma lágrima. Mas já foi assaltado pela dúvida de
que a sua recusa em prestar-se ao luto, esteja na origem das suas últimas
noites, passadas em claro!
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