Apesar do estatuto assustador que gozam os predadores, as suas presas têm vindo a
desenvolver algumas capacidades com vista a reduzirem a taxa de mortalidade.
Assim, e através de repetidos confrontos entre si,
lograram aumentar não apenas a força das maxilas, como a velocidade de acção,
quer na situações de ataque, quer nas de defesa.
Enquanto isso, e mercê de uma severa dieta alimentar associada
à ingestão de algas, líquenes e valisnérias, conseguiram endurecer os seus
apêndices, tornando-os muito bem capazes de perfurar o próprio ferro.
Com um entusiasmo surpreendente, aplicaram-se em
dilatar as conchas onde se abrigam, bem como as bolsas e os tubos por que são
compostos, facilitando não só a passagem, mas também a digestão de novos e bem
mais encorpados manjares vivos, até aí excluídos das suas ementas.
Apesar de uma especial atenção dedicada aos componentes
químicos, sobretudo aos ácidos, com vista a intensificar a seu efeito corrosivo
sobre as estruturas ósseas, estas continuam a resistir à dissolução, acabando
por ser expelidas.
Entretanto, há quem confie no surgimento para breve de
provas que venham credibilizar as afirmações, por muitos consideradas meras fantasias
de mau gosto, sobre a extrema voracidade das presas que têm já martirizado alguns
dos seus predadores.
O certo, é que o tipo de esqueleto, recentemente
pendurado numa das paredes do restaurante que costumo frequentar, tem-me deixado
cada vez mais apreensivo quanto à eventual veracidade de tais façanhas atribuídas
às ditas presas.
E demais a mais, fazendo eu parte da espécie das vítimas.
Sem comentários:
Enviar um comentário