sábado, 24 de novembro de 2012

Apanha de Ameijoa



Apesar do estatuto assustador que gozam os  predadores, as suas presas têm vindo a desenvolver algumas capacidades com vista a reduzirem a taxa de mortalidade.

Assim, e através de repetidos confrontos entre si, lograram aumentar não apenas a força das maxilas, como a velocidade de acção, quer na situações de ataque, quer nas de defesa.

Enquanto isso, e mercê de uma severa dieta alimentar associada à ingestão de algas, líquenes e valisnérias, conseguiram endurecer os seus apêndices, tornando-os muito bem capazes de perfurar o próprio ferro.

Com um entusiasmo surpreendente, aplicaram-se em dilatar as conchas onde se abrigam, bem como as bolsas e os tubos por que são compostos, facilitando não só a passagem, mas também a digestão de novos e bem mais encorpados manjares vivos, até aí excluídos das suas ementas.

Apesar de uma especial atenção dedicada aos componentes químicos, sobretudo aos ácidos, com vista a intensificar a seu efeito corrosivo sobre as estruturas ósseas, estas continuam a resistir à dissolução, acabando por ser expelidas.

Entretanto, há quem confie no surgimento para breve de provas que venham credibilizar as afirmações, por muitos consideradas meras fantasias de mau gosto, sobre a extrema voracidade das presas que têm já martirizado alguns dos seus predadores.

O certo, é que o tipo de esqueleto, recentemente pendurado numa das paredes do restaurante que costumo frequentar, tem-me deixado cada vez mais apreensivo quanto à eventual veracidade de tais façanhas atribuídas às ditas presas.

E demais a mais, fazendo eu parte da espécie das vítimas.



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