Ele é o Paco, por alcunha o Anão, o galego, que chegou a ser contratado por uma equipa de basebol na Malásia; o rufia do cigano a impingir pedras de eucalipto dissolvido em lama tudo triturado pela dentuça de ouro do seu patriarca; a Gertrudes que, em findando o lacrimoso peditório à porta Santa Engrácia, logo vem espalmar-se como um sáurio ao sol nas pedras do Cais.
Ele é o Mamadu, que fez a mesma guerra do que eu, cantarolando uns blues acompanhados por umas batucadas com a sua muleta de DFA ; ele é o Bósnio, o guitarrista que me convidou para fazer uma reportagem no seu dia de núpcias acaso viesse a casar, e não casou; ele é o caboverdiano, a gingar com o andamento de uma coladeira, e a boina à Alves Redol dos Avieiros.
E ele é o sem abrigo, agarrado às calças para não baixarem para além dos joelhos, e a Fafá da Linha, a repetir-me certa pergunta que só a mim diz respeito…
E são, depois, os camones a fazerem turismo da classe média-baixa e baixa; os bêbados a enfrascarem-se de tinto e Tejo; os reformados à pesca de mais um por de sol para somar às poucas folhas que sobram na sua agenda de vida; e os engatatões, ao fim da tarde, por uma noite; os mirones com as mãos enfiadas nos bolsos; os pares enchendo o cais de promessas de amor insalivadas de beijos; os fotógrafos amadores e assim-assim, todos digitais, salvo os que excepcionalmente pararam no tempo dos 35 mms.
Todos meus amigos ou a caminho disso, salvo o facho com a sua gabardine de sempre, azul e adourada com botões metálicos da Armada, a bandeira nacional na lapela, a dar pão diariamente às gaivotas que não fazem a mínima ideia do traste que ele é…
Até eu sou amigo de mim mesmo:
quando distraidamente me sento à borda de água, a coçar-me do formigueiro de uma noite mal dormida e das fotos que tiro. Ou quer devia ter tirado.
quando distraidamente me sento à borda de água, a coçar-me do formigueiro de uma noite mal dormida e das fotos que tiro. Ou quer devia ter tirado.
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