domingo, 5 de fevereiro de 2012

GINJAL


O vinho evaporou-se dos barris e transformou-se em  nuvens lilases; os blocos de gelo deslizaram pelas rampas do cais, diluindo-se na água sem deixarem quaisquer vestígios; o carvão foi dispensado do trabalho das máquinas que acabaram por enferrujar; os iscos de pesca apodreceram.

Entretanto, as sardinhas, dentro das latas abriram as tampas e, ganhando asas, voaram para o mar alto. Todo o fogo, de súbito, deixou de arder e, pouco tempo depois,  nunca mais se viu passar pelos olhos uma fragata ou um varino. Como se tivéssemos cegado para sempre!

 Foi então que apareceram os roedores, determinados em construírem um universo labiríntico de galerias de modo a que nenhum intruso, ao entrar nelas, alguma vez saísse…

E, ao que consta, foram bem sucedidos tal como as pombas obstinadas em  arrancarem, uma a uma, as telhas dos telhados dos armazéns ribeirinhos!



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