quarta-feira, 5 de setembro de 2012

INFINITO IMPERFEITO




Soprou o balão. E mais e mais até os seus pés ficarem a dois palmos do chão. Aí pensou libertar o balão. Mas farto de deixar sempre as coisas a meio, acabou por agarrar-se com firmeza a ele, e aplicar-lhe um sopro bastante prolongado…

A partir de então, a tia afirma tê-lo visto ainda no ar, ao nível do telhado de sua casa; o sobrinho, acima da torre; o irmão, um exagerado, suspenso numa nuvem; o pai que é míope, diz ter ouvido um ruído no rio como se fosse um corpo a cair da ponte;

O filho, evitando sempre as discussões, não se pronuncia, e a mulher está fora de questão por se encontrar em coma desde há três meses.

Quanto aos amigos, em chegando ao fim do dia, bebem copos enquanto fazem apostas a doer sobre o paradeiro do desaparecido.

Ao que consta, até hoje nenhum deles terá acertado!


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