sábado, 1 de setembro de 2012

Linha de Cascais



Depois de atingida a luz ao fim do túnel, haveríamos de chegar, de estação em estação mais próximas, à branca regueifa, aos açucarados rosquilhos, aos melaços caramelos; à água fresca ainda a cantar das fontes, vendida em  pequenos cântaros de barro. E até aqui, tudo ia bem.

Mas mais adiante, o tempo passado dentro da carruagem, dir-se-ia regulado por um mudo relógio, à espera que alguém viesse dar-lhe corda, enquanto a paisagem deslizava sonolenta pela janela, toldada pelo fumo negro da máquina.

Vinhedos, matos, milheirais e pomares sucediam-se repetidamente diante dos olhos, a um passo fatigado e monótono.

Sequer a visão do rio, rápido por entre as fragas, e capaz de galgar as margens, me encorajava a sacudir aquele torpor ronceiro.

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