terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Sempre Tejo


Ao que consta, a  Garça do Lezeirão terá enlouquecido na altura em que se pôs a  reproduzir  todos os lamentos, pios, mágoas, choros e  cantos das demais aves nativas e de arribação com as quais se cruzava.


E até mesmo sons de outra natureza, como o  do chapinar dos peixes à tona de água, o estalido das pinhas  secas a despregarem-se dos ramos, para já não falarmos dos ruídos inaudíveis pelos humanos:

Como  o das frenéticas discussões entre as formigas nos seus carreiros, o da locomoção dos escaravelhos sobre a bosta dos cavalos lusitanos,  o bater das  asas das borboletas no tempo do cio...

Mas não é a demência individual da Garça que me instigou a evocá-la, e sim o receio  de que a sua loucura  possa contaminar as demais espécies da ilha, em particular os insectos, os roedores,  os repteis e a mim próprio!

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