sábado, 20 de outubro de 2012

Trafaria



Bateu-me à porta para se queixar do cartão de memória danificado, e da perda irremediável das fotos, as melhores que tirara em toda a vida.

Conhecendo a pessoa que, por norma, dispensa ouvir o outro, limitei-me a esboçar uma breve careta adequada à situação prevendo que, deste modo, pouparia tempo aos dois…

Ao despedimo-nos, porém, fui sacudido pela lembrança de uma fatalidade que nunca hei de relatar a ninguém:

a convicção de ter feito, em tempos, um conjunto excepcional de imagens, dando conta  da falta de rolo na câmara um dia depois!


E o que eu carpi, inconsolado, sobretudo em relação à foto verdadeiramente digna de figurar na mais prestigiada antologia: a do cavalo!

Sim, a de um lusitano que, por súbito capricho da bela amazona que o montava, se viu obrigado a estacar num charco de água, salpicando tudo em volta, incluindo a objectiva da câmara, certificando, assim, o instante da acção do fotógrafo na captação da cena.

Desde então, deixei de alimentar quaisquer expectativas de repetir tal proeza, contentando-me com uma ou outra foto ligeiramente acima da mediania.

Entretanto, fica por explicar por que as imagens  perdidas são sempre as melhores.



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