sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Cais da Areia ( Matinha)



O primeiro a sair foi o maquinista que, pisando o cais em passo de corrida, acabaria por desaparecer na esquina mais próxima.

Depois, seguiu-se o tripulante mais velho que, acometido por um súbito desfalecimento, sequer teve tempo para pedir socorro.

Logo atrás, o mais novo, que  após ter confirmado o óbito do camarada, meteu-se num autocarro sem cuidar saber qual o destino.

O quarto tripulante, mandou parar um táxi, alojando-se no porta bagagens, não sem antes ter atirado a mala que transportava para o banco detrás da viatura.

Por último, e como se tratasse de um naufrágio, chegou a vez do comandante abandonar o navio.  Evitando tropeçar no tripulante jacente no chão, depressa se dirigiu ao bar mais próximo, onde emborcou um bem servido scotch  whisky, sem gelo, pedindo imediatamente  outro.

Enquanto isso, os três periquitos, libertados uns minutos antes, sobrevoavam, desatinados, a Mimi que, com uma das patas entrapada, e sem  nunca largar o osso de plástico, espreitava o momento exacto de,  à socapa,  saltar para outro navio prestes a levantar ferro.


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